Há quatro anos o povo deu uma maioria absoluta ao PS e a Sócrates. Não nos podemos esquecer das circunstâncias em que isso aconteceu: o país estava de pantanas, Santana Lopes era um pesadelo de irresponsabilidade enquanto primeiro-ministro, um homem que confundia o país (ou mesmo o mundo) com uma secção partidária que ele, juntamente com a sua facção, tinha tomado de assalto. O povo foi sábio e deu a Sócrates um mandato de 4 anos, em maioria absoluta, para tirar o país do pântano e poder governar sem desculpas.
Agora Sócrates já teve oportunidade de mostrar o que vale e o povo tornou a ser sábio: uma vitória folgada, sem margem para dúvidas, mas que terá de ser ganha no parlamento e no dia-a-dia da governação. Os resultados à direita também parecem ser claros na sua expressão: o PSD não fez nada para conquistar os eleitores, e por isso houve transferência de votos para o CDS que, mau grado a minha embirração com o Portas, protagonizou de facto a única oposição de direita ao governo. O único resultado de que não gostei foi o do Bloco de Esquerda, que, pelas ideias que defende, tem mais expressão eleitoral do que aquela que faria sentido num país como o nosso. Das duas uma, ou o BE é um enorme equívoco, e os eleitores terão de dar por isso, ou o BE irá substituir cada vez mais o PCP enquanto força política da esquerda comunista, empurrando o PC para o nicho dos seus incondicionais.