sabina freire
Há já muito tempo que não via um espectáculo da Escola da Noite, aliás, nunca tinha ido ao Teatro da Cerca de São Bernardo, que é muito bonito. Felizmente vai havendo quem me tire da inércia preguiçosa, e fui ontem, último dia, ver o espectáculo Sabina Freire, co-produzido pela Escola e pela Companhia de Teatro de Braga.
A peça é de autoria de Manoel Teixeira-Gomes, escritor algarvio e vulto da história da I República, da qual foi presidente. De resto este espectáculo tem o patrocínio da comissão das comemorações do primeiro centenário da implantação da República.
O texto situa-se ali na ponte entre a comédia de costumes e a farsa de cariz social, pondo em confronto o Portugal profundo do moralismo clerical e provinciano, feito de proprietários da terra, poetas líricos e idiotas bajuladores, e o Portugal arrivista do cosmopolitismo parisiense, tão provinciano como o outro, mas disfarçado por um certo ar de licenciosidade. É este confronto que a encenação de Rui Madeira põe em evidência, tratando o palco quase como se fosse uma arena, acentuada pela imagem projectada do palco visto de cima, confronto do qual resulta, em final trágico, a morte desse Portugal lírico, galante, febril e tão ingénuo como inútil.
Mas para além desta leitura mais interventiva, chamemos-lhe assim, a peça é ainda a história de uma luta feroz travada entre duas mulheres, evadas de poder e ambição, que são, apesar de tudo o que as divide, mais parecidas do que parece, unidas que estão na luta pelos seus interesses. Os homens são fracos, são joguetes sem interesse, manobrados quando e como convém, meros adornos do salão e das vidas destas duas mulheres. A peça é inteiramente delas, e é nos momentos em que o confronto entre ambas se materializa e encena, que o espectáculo ganha em tensão, ritmo e desenvoltura.
Contribuem muito para isso as actrizes que defendem os papéis, a Sílvia Brito e a Solange Sá (embora em relação a esta a dicção nem sempre fosse perfeita, muito prejudicada pelo falso sotaque afrancesado), que dão espessura e profundidade a papéis que muito facilmente poderiam ficar prisioneiros de uma certa caricatura.
A peça é de autoria de Manoel Teixeira-Gomes, escritor algarvio e vulto da história da I República, da qual foi presidente. De resto este espectáculo tem o patrocínio da comissão das comemorações do primeiro centenário da implantação da República.
O texto situa-se ali na ponte entre a comédia de costumes e a farsa de cariz social, pondo em confronto o Portugal profundo do moralismo clerical e provinciano, feito de proprietários da terra, poetas líricos e idiotas bajuladores, e o Portugal arrivista do cosmopolitismo parisiense, tão provinciano como o outro, mas disfarçado por um certo ar de licenciosidade. É este confronto que a encenação de Rui Madeira põe em evidência, tratando o palco quase como se fosse uma arena, acentuada pela imagem projectada do palco visto de cima, confronto do qual resulta, em final trágico, a morte desse Portugal lírico, galante, febril e tão ingénuo como inútil.
Mas para além desta leitura mais interventiva, chamemos-lhe assim, a peça é ainda a história de uma luta feroz travada entre duas mulheres, evadas de poder e ambição, que são, apesar de tudo o que as divide, mais parecidas do que parece, unidas que estão na luta pelos seus interesses. Os homens são fracos, são joguetes sem interesse, manobrados quando e como convém, meros adornos do salão e das vidas destas duas mulheres. A peça é inteiramente delas, e é nos momentos em que o confronto entre ambas se materializa e encena, que o espectáculo ganha em tensão, ritmo e desenvoltura.
Contribuem muito para isso as actrizes que defendem os papéis, a Sílvia Brito e a Solange Sá (embora em relação a esta a dicção nem sempre fosse perfeita, muito prejudicada pelo falso sotaque afrancesado), que dão espessura e profundidade a papéis que muito facilmente poderiam ficar prisioneiros de uma certa caricatura.