espera
é na agrura da paisagem
que te sentes corajoso e só
convives docemente com
as folhas caídas do calendário
que esperam à tua frente
a tua memória é um cume
intransponível
enquanto te desmembras nas
salas de espera dos consultórios
voltas sempre, numa
vertigem desequilibrada e cega,
ao único lugar que te escapa
às sílabas e às declinações
devagar, com a lentidão dos loucos,
esperas que passe