my private life
A minha vida atravessa um daqueles momentos decisivos de mudança de ciclo, de charneira. Uma porta que se fecha atrás de nós, outra que se escancara à nossa frente.
Durante mais de 10 anos, perto de 15, apenas usei roupa interior da Marks & Spencer. Comecei por comprar as peúgas e cuecas em Londres (na M&S de Oxford Street, que fica ali mais ou menos em frente à Virgin), e depois passei a comprar nas lojas M&S em Portugal, sobretudo na Guerra Junqueiro, em Lisboa e no GaiaShopping, no Porto (quer dizer, em Gaia, pronto), como aliás a maior parte da minha roupa, sobretudo a de trabalho, tipo fatos-macaco, gravatas, blazers navy, camisas easy ironing, enfim, todas aquelas coisas que um vira-lata precisa para passar por um senhor de posição.
Foi um dia particularmente angustiante aquele em que a M&S decidiu fechar as lojas em Portugal, de repente, tiraram-me as lojas de roupa que eu acho que foram inventadas para eu me vestir, assim tipo ‘deus não quer que tu andes nu, por isso criou a Marks & Spencer’. Custou-me um pouco a recuperar desse golpe, mas o essencial estava, apesar de tudo, assegurado: como eu costumava ir todos os anos a Londres, podia-me continuar a abastecer de cuecas e meias lá.
E foi o que fiz, precisamente, reservando sempre uma parte da mala para as confortáveis meias de algodão e os cómodos e justos ‘trunks’, tudo em diversos tons de cinzento, que é a minha cor favorita para roupa interior e t-shirts. O problema é que há praticamente dois anos que não vou a Londres, e a tragédia não pára de avançar: as peúgas começam a ficar esburacadas nos dedos e nos calcanhares, e as cuecas praticamente em fio no entre-pernas, para além de minúsculos buraquinhos provocados pelas molas da roupa. Resisti o mais que pude, até a situação começar a ser embaraçosa para mim mesmo, e lá decidi comprar roupa interior de outra proveniência.
Ora, acabei de entrar na minha fase pós-Marks & Spencer. Depois de alguma prospecção, decidi testar as meias e as cuecas à venda numa grande superfície, que não digo o nome para não fazer publicidade, mas que é de um senhor do Norte. Bingo, nas peúgas acertei à primeira, e, claro fui logo lá reforçar o contingente. Não sei é qual a marca, não fixei, mas é daquelas que tem um nome vagamente inglês, o que dá logo uma certa confiança. Quanto às cuecas, trouxe da Dim, mas houve uma tentativa falhada: na minha cabeça, eu ainda sou o jovem garboso, espadaúdo e de cintura estreita que fui outrora, e as ‘trunks’ que trouxe (dito de outro modo, as truces que truce) só me serviam nos joelhos, mas já repus com um número maior e está tudo em ordem. Estou satisfeito, agora tenho de reforçar o stock. Só uma pequena contrariedade, a maior parte dos artigos que estavam à venda deste modelo e tamanho, eram nas cores branca e preta; ora, branco está fora de questão, preto é como o outro, cinzento só há um tom. É curto, mas do mal o menos.
Claro que sendo eu um tipo nostálgico, e apesar de satisfeito, continuo a guardar a minha roupa interior antiga para usar de vez em quando. E, além disso, dou umas espreitadelas ao site de compras on-line da Marks & Spencer, para olhar para as saudosas peças. É que por enquanto ainda só fazem entregas ao domicílio no Reino Unido. E apesar de prometerem para breve entregas internacionais, na lista de países onde o serviço vai estar disponível não consta Portugal. Incrível, 20 anos depois de termos entrado para a União Europeia, continuamos a pagar o preço da periferia.
edit: releio a entrada e penitencio-me: lá vai mais um post umbiguista, confessional e de exposição pública da minha vida íntima. Enfim, tudo aquilo que a blogosfera não deve ser. Incorrigível...
Durante mais de 10 anos, perto de 15, apenas usei roupa interior da Marks & Spencer. Comecei por comprar as peúgas e cuecas em Londres (na M&S de Oxford Street, que fica ali mais ou menos em frente à Virgin), e depois passei a comprar nas lojas M&S em Portugal, sobretudo na Guerra Junqueiro, em Lisboa e no GaiaShopping, no Porto (quer dizer, em Gaia, pronto), como aliás a maior parte da minha roupa, sobretudo a de trabalho, tipo fatos-macaco, gravatas, blazers navy, camisas easy ironing, enfim, todas aquelas coisas que um vira-lata precisa para passar por um senhor de posição.
Foi um dia particularmente angustiante aquele em que a M&S decidiu fechar as lojas em Portugal, de repente, tiraram-me as lojas de roupa que eu acho que foram inventadas para eu me vestir, assim tipo ‘deus não quer que tu andes nu, por isso criou a Marks & Spencer’. Custou-me um pouco a recuperar desse golpe, mas o essencial estava, apesar de tudo, assegurado: como eu costumava ir todos os anos a Londres, podia-me continuar a abastecer de cuecas e meias lá.
E foi o que fiz, precisamente, reservando sempre uma parte da mala para as confortáveis meias de algodão e os cómodos e justos ‘trunks’, tudo em diversos tons de cinzento, que é a minha cor favorita para roupa interior e t-shirts. O problema é que há praticamente dois anos que não vou a Londres, e a tragédia não pára de avançar: as peúgas começam a ficar esburacadas nos dedos e nos calcanhares, e as cuecas praticamente em fio no entre-pernas, para além de minúsculos buraquinhos provocados pelas molas da roupa. Resisti o mais que pude, até a situação começar a ser embaraçosa para mim mesmo, e lá decidi comprar roupa interior de outra proveniência.
Ora, acabei de entrar na minha fase pós-Marks & Spencer. Depois de alguma prospecção, decidi testar as meias e as cuecas à venda numa grande superfície, que não digo o nome para não fazer publicidade, mas que é de um senhor do Norte. Bingo, nas peúgas acertei à primeira, e, claro fui logo lá reforçar o contingente. Não sei é qual a marca, não fixei, mas é daquelas que tem um nome vagamente inglês, o que dá logo uma certa confiança. Quanto às cuecas, trouxe da Dim, mas houve uma tentativa falhada: na minha cabeça, eu ainda sou o jovem garboso, espadaúdo e de cintura estreita que fui outrora, e as ‘trunks’ que trouxe (dito de outro modo, as truces que truce) só me serviam nos joelhos, mas já repus com um número maior e está tudo em ordem. Estou satisfeito, agora tenho de reforçar o stock. Só uma pequena contrariedade, a maior parte dos artigos que estavam à venda deste modelo e tamanho, eram nas cores branca e preta; ora, branco está fora de questão, preto é como o outro, cinzento só há um tom. É curto, mas do mal o menos.
Claro que sendo eu um tipo nostálgico, e apesar de satisfeito, continuo a guardar a minha roupa interior antiga para usar de vez em quando. E, além disso, dou umas espreitadelas ao site de compras on-line da Marks & Spencer, para olhar para as saudosas peças. É que por enquanto ainda só fazem entregas ao domicílio no Reino Unido. E apesar de prometerem para breve entregas internacionais, na lista de países onde o serviço vai estar disponível não consta Portugal. Incrível, 20 anos depois de termos entrado para a União Europeia, continuamos a pagar o preço da periferia.
edit: releio a entrada e penitencio-me: lá vai mais um post umbiguista, confessional e de exposição pública da minha vida íntima. Enfim, tudo aquilo que a blogosfera não deve ser. Incorrigível...