
Um policial sui generis, por várias razões: é escrito por um norte-americano que vive na Europa, a trama passa-se na Noruega, o protagonista é um judeu octogenário. Mas a principal razão é porque as personagens, sobretudo a de Sheldon, tem um investimento em termos de construção e densidade que não é habitual nos livros do género.
De facto, pela personagem de Sheldon passam as sombras do holocausto e da ocupação nazi da Europa, em particular dos países nórdicos; mas passam também os traumas das guerras em que os Estados Unidos estiveram envolvidos, nomeadamente as guerras da Coreia e do Vietnam, que desempenham papeis centrais na trama. Mas pelo romance passam igualmente os temas que fazem a actualidade da Europa, como a guerra dos Balcãs e os fenómenos de emigração clandestina e de criminalidade organizada que persistiram na senda do conflito.
A narrativa vai alternando entre momentos mais lentos e reflexivos, e outros mais trepidantes e cheios de acção e suspense.
Apesar de tudo, parece-me que este como outros que tens intitulado como policiais, são muito mais que isso.
Estarei enganado?
sim, sobretudo os policiais de extracção nórdica, têm uma outra densidade. não sei se são melhores ou mais complexos, mas são diferentes do que conhecíamos, nomeadamente na bela e saudosa colecção Vampiro (acho que já tinha dito, mas foi a ler os livros da Vampiro que desenvolvi o gosto pela leitura)